“Pessoal, eu gostaria de escolher a minha marca, vocês mostram quantas alternativas na apresentação?” No mundo do design, é bem comum que profissionais mostrem algumas opções de marcas para os clientes escolherem. O número mais frequente é a entrega de três. Quando nos formamos, lá no início dos anos 2000, fazíamos assim. Mas, tem anos que adotamos a metodologia de apresentar uma alternativa completa e bem desenvolvida. Por quê tomamos essa decisão? Receber uma é melhor que receber três opções?
Entregar três opções pode gerar mais problemas do que soluções. Entra em jogo o paradoxo da escolha e o cliente pode começar a misturar os estilos, tornando o processo confuso.
Neste artigo, vamos te mostrar como foi a nossa experiência e compartilhar alguns fenômenos bastante comuns quando criativos entregam três opções. Atenção: o Frankenstein vai participar desse post, quem diria. Vamos nessa!
1 – Não é uma marca, é um sistema
Um dos erros mais comuns quando o assunto é identidade visual é pensar que se trata apenas da marca. Pensando assim, parece fácil, escolho a marca A, B ou C. Pronto! Mas, uma identidade visual é muito mais que um logo, marca ou logomarca, ela é um sistema completo. Por isso, você deve avaliar outros elementos do conjunto como cores, tipografia institucional, símbolo, grafismos, estampa, aplicações offline e online. Enfim, são diversos elementos trabalhando juntos para falar ao coração do seu cliente dos sonhos.
Por aqui, levamos vários dias para desenvolver um sistema completo. Pensamos em caminhos e possibilidades durante o processo, afunilando e aperfeiçoando dentro do nosso método. Agora, imagine levar o triplo do tempo para entregar três soluções. Fazer isso, além de utilizar muitas horas, precisaria custar três vezes mais. Ao final do processo, o cliente que escolhe apenas uma sente que só um terço do investimento foi usado. Pois as demais alternativas serão descartadas. O que nos leva ao próximo tópico com participação especial.
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Na Marca Apaixonante da Plumita, fica fácil notar que existem cores, estampa, ilustrações e todo um sistema funcionando em conjunto. Veja o projeto completo aqui.
2 – O fenômeno do frankenstein
Quando o cliente se depara com três opções, pode sentir vontade de aproveitar um pouco de tudo. Afinal, a pessoa sente que pagou por elas e cada uma tem seus pontos positivos. Nesse caminho, existem chances de começar a nascer um monstro: o famoso frankenstein. Ele aparece quando o cliente decide, por exemplo, usar a fonte de uma opção, as cores da segunda e o símbolo da terceira. Parece uma boa ideia pegar o melhor de cada opção e bater no liquidificador.
Mas, na prática, o resultado pode ser uma mistura estranha de soluções visuais. Ninguém quer que sua marca se pareça com um filme de terror, certo? Em geral, os próprios clientes que sugerem frankensteins concluem: o resultado final não ficou legal! Ou seja, perda de tempo, necessidade de fazer mais uma opção e recursos que poderiam ser investidos em uma única boa solução desde o início.
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3 – O paradoxo da escolha
Entregar mais de uma opção também provoca outro fenômeno interessante: o paradoxo da escolha. O psicólogo e professor Barry Schwartz cunhou esse termo. Ele afirma que, na busca pela alternativa ideal, as pessoas ficam frequentemente frustradas. Ou seja, ter muitas possibilidades nos traz ansiedade para tomarmos a melhor decisão. Pela nossa experiência, diante de muitas opções, o cliente tende a adiar a escolha. Vão avaliar, mostrar para outros, cada um diz algo diferente e a decisão não vem nunca. Evitamos deixar nossos clientes nessa dúvida e ponderação eternas dos prós e contras de cada opção adotando o caminho de enviar uma única opção bem resolvida.
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Entregamos uma opção para a loja de cosméticos Zaetê. Veja o projeto completo aqui.
4 – Você vai fazer escolhas!
É importante lembrar que, quando você recebe uma opção de marca, você está sim fazendo escolhas, e muitas! Afinal, você tem todo um sistema para compreender e opinar sobre cada detalhe. Então, pode acontecer de uma cor da paleta te chamar a atenção e você preferir mudar, por exemplo. Ou mesmo alguma característica na marca, do símbolo, dos grafismos, das estampas e por aí vai. Você pode até mesmo avaliar as aplicações, nas imagens para redes sociais, por exemplo, e fazer um comentário ou sugestão. Serão muitos elementos do seu sistema para avaliar e suas escolhas são importantes e bem-vindas. Pense nas vantagens e objetividade em opinar em uma solução bem feita do que na confusão para opinar em vários caminhos diferentes.
No projeto de Marca Apaixonante da Bangalô Ilhabela, foi preciso fazer um leve ajuste de uma das cores da paleta. Uma decisão e uma escolha que aconteceram dentro da opção apresentada. Veja aqui o projeto completo.
5 – Uma opção também é caminho
A gente sempre comenta, alegremente, que nossos projetos têm 90% de aprovação. Ou seja, a cada dez projetos entregues, apenas um não é aprovado. Nesse caso, aquela opção reprovada vira um caminho e parte do processo. Sendo assim, não vale à pena andar em círculos misturando e pensando por dias a fio em três opções. O caminho de apresentar uma opção, até quando ela é reprovada, ajuda muito mais. Pois, com essa reprovação, ficamos sabendo o que não conversou com a estratégia e o que não está funcionando. Podemos, portanto, ser bem mais assertivos na próxima apresentação. Entregaremos, mais uma vez, um sistema completo e bem resolvido.
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A maioria dos nossos projetos de Marcas Apaixonantes são aprovados de primeira, como foi o caso da Plumita. Veja o projeto completo aqui.
Conclusão
Na nossa experiência, percebemos que enviar mais de uma alternativa não era tão vantajoso. Veja bem, outros profissionais trabalham enviando múltiplas opções e adoram essa abordagem. Não queremos dizer que está errado, apenas que não combinou com o nosso jeito de trabalhar. Descobrimos que mandar uma opção é vantajoso tanto para nós quanto para nossos clientes. Pois conseguimos criar alternativas de uma forma ágil e encontrar um caminho forte durante o processo criativo. Além disso, não precisamos dedicar energia em mais de uma possibilidade, entregando com mais qualidade.
Já do lado do cliente, essa pessoa não precisa fazer um trabalho de recorte e colagem entre opções – o que raramente dá certo – nem ficar ponderando vantagens e desvantagens de cada uma por semanas. Com uma solução bem resolvida, existem muitas decisões para tomar e o resultado tende a ser mais eficaz!
E você? Trabalha com criação? Manda uma ou mais opções? Você já contratou marcas e recebeu mais de uma opção? Como se sentiu na hora de escolher? Já participou do nascimento de um Frankenstein? Conta para nós nos comentários.
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