Cores da marca: como encontrar a paleta certa?

Cores da marca: como encontrar a paleta certa?

“Azul é minha cor favorita!” Essa frase é tão comum que parece vir no automático. Desde criança, escutamos: “qual é sua cor preferida?” como se a gente fosse mesmo conseguir escolher só uma. E, quando chega a hora de criar a identidade visual da empresa, esse pensamento volta, e é natural que volte. As cores têm memória, afeto, significados profundos. Mas, quando o assunto é comunicação, será que é só sobre escolher uma cor que a gente gosta?

Cores da marca: como encontrar a paleta certa? Cores da marca: como encontrar a paleta certa?

“A cor é um poder que influencia diretamente a alma.”

Wassily Kandinsky

Depois de tantos anos acompanhando marcas nascerem e se transformarem, aprendemos que a escolha das cores vai muito além do gosto pessoal. As cores precisam contar a história da empresa, transmitir o que ela acredita, conversar com as pessoas que ela quer alcançar. Precisam ser escolhidas com cuidado e contexto. Mais do que representar uma preferência, as cores da identidade visual precisam fazer sentido para o negócio e, principalmente, para quem vai se conectar com ele. E é aí que começa a beleza do processo.

1 – Estereótipos X Contexto

“O amarelo desperta fome.” “O azul acalma.” Apostamos que você já ouviu algo assim. E sim, as cores despertam sensações. Mas será que esses significados são sempre os mesmos, pra todo mundo? Na verdade, não. Em diferentes culturas, uma mesma cor pode ter interpretações bem diferentes. O vermelho, por exemplo, pode ser símbolo de paixão em alguns lugares, enquanto em outros representa boa sorte, prosperidade ou até perigo. Tudo depende do contexto: cultural, emocional, pessoal. Depende da bagagem de quem está olhando. E quando a gente fala de marcas, esse significado pode mudar de novo. Porque a identidade visual tem um poder bonito: o de criar um universo próprio, com símbolos e sentidos que fazem sentido ali, no contexto da sua empresa, da sua história. Por isso, o primeiro passo para escolher as cores da identidade visual é fazer uma pausa nas “regras universais”. Em vez de se perguntar “o que o amarelo significa?”, vale muito mais pensar junto: “o que essa cor pode significar aqui, dentro da história da minha marca?”

Foi exatamente esse caminho que percorremos com a Tartiner. No projeto das embalagens, os sabores ganharam cores nada óbvias: roxo para a pasta de castanha de caju e cor-de-rosa para a de avelã, por exemplo. Nenhum desses ingredientes tem essas cores naturalmente, mas, ainda assim, elas funcionaram lindamente. Porque as cores representam a essência da marca, um arco-íris de sabores únicos, criados com delicadeza e afeto. Algumas cores seguiram o que se espera, como o verde do pistache, e outras, não. E tudo bem. No caso da castanha de caju, por exemplo, buscamos contraste com o tom bege claro da pasta e o roxo trouxe esse destaque com delicadeza. Já no caso da avelã, extrapolamos a cor da casca marrom, extraindo dela um tom avermelhado que acabou nos levando ao rosa. Mas, em última análise, cada escolha cromática foi guiada pelo universo da marca Tartiner, não pelas cores dos ingredientes em si. Quando a identidade visual é construída com método, as cores ganham novos significados e criam uma conexão verdadeira com quem vê.

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As embalagens da Tartiner formam um verdadeiro arco-íris de sabores, colorindo cada detalhe com afeto. Foto: Amanda Nunes Veja o projeto completo.

2 – Um mundo em cada cor

“A cor da identidade vai ser verde!” É comum ouvir frases assim quando começamos a pensar no visual de uma marca. E, muitas vezes, o tom escolhido tem a ver com a cor favorita de alguém envolvido no projeto. É um impulso afetivo e isso tem valor. Mas será que só “verde” já diz tudo o que sua marca precisa comunicar? O verde pode ser um mundo de cores. Verde folha ao sol da manhã, verde musgo depois da chuva, verde jade, verde piscina, verde esperança. Cada tom é um universo próprio, com uma linguagem única e um jeito diferente de sensibilizar quem vê. Por isso, mais do que escolher uma cor, talvez o que sua marca precise seja encontrar o tom que melhor traduz o que ela tem de mais especial.

No nosso processo de criação, a gente não escolhe uma cor como quem aponta um quadradinho na cartela. A gente escuta a história da sua marca, testa possibilidades, combina caminhos, faz perguntas: e se esse tom fosse mais profundo? E se fosse mais leve? E se ganhasse um toque azulado, ou talvez mais terroso? O universo das cores é cheio de sutilezas e prestar atenção a elas pode transformar a forma como sua empresa se apresenta e se conecta com o mundo.

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3 – E a cor do vizinho, é mais verde?

Na hora de escolher as cores da identidade visual, é claro que o foco precisa estar no universo da sua marca. Mas vale olhar ao redor também. Será que a grama do vizinho está mais verde? Ou melhor: será que está da mesma cor que a da sua marca? Observar os concorrentes diretos, e também quem lidera o segmento, ajuda a perceber quais cores já estão muito usadas e quais ainda podem ser exploradas. Isso evita que sua empresa fique visualmente parecida com outras e ajuda a abrir espaço para algo mais autêntico. Alguns mercados acabam se apoiando tanto em certas cores que elas viram uma espécie de uniforme. Quando falamos em luxo, casamento ou joias, por exemplo, o azul da Tiffany logo aparece na memória. Esse tom é tão marcante que foi registrado pela própria marca e, por isso, não pode ser usado por outras empresas do mesmo setor. E aqui entra o convite à reflexão: será que as cores do seu negócio estão comunicando o que ele tem de mais especial? Ou será que, sem querer, estão repetindo o que todo mundo já faz?

No projeto de Marca Apaixonante para a empresa australiana de brinquedos sensoriais SensaConnect, esse cuidado em se diferenciar foi essencial. Os concorrentes diretos usavam tons primários, como azul puro e vermelho, criando um padrão visual repetido. Para a SensaConnect, queríamos algo que expressasse inclusão, afeto e leveza. A paleta escolhida mistura laranja, rosa clarinho, azul marinho e branco, cores que juntas criam um universo visual único, acolhedor e distinto no segmento. Um conjunto que conversa com o público e reforça, com doçura, o diferencial da marca.

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A paleta da SensaConnect brinca junto com a proposta da marca, em tons cheios de leveza. Veja o projeto completo.

4 – Por uma paleta de cores em harmonia

Quando pensamos nas cores da identidade visual, é comum imaginar apenas uma cor principal. Mas, na verdade, a identidade da sua empresa vai nascer de um conjunto, a famosa paleta de cores. E essa paleta não é só um enfeite bonito: ela é a base para criar unidade em tudo que sua marca comunicar, do logo às redes sociais, das embalagens aos impressos. Cada cor tem seu papel. Algumas aparecem com mais destaque, outras entram como apoio. E tudo isso pode mudar dependendo do meio em que as cores são usadas. Um cartaz pode trazer uma cor só, enquanto uma postagem no feed pode misturar duas ou três. A beleza está em encontrar harmonia e consistência, mesmo quando as cores aparecem separadas. Uma paleta bem pensada ajuda sua empresa a ser lembrada, reconhecida e, principalmente, a criar vínculo com as pessoas certas. E mais: quando ela é construída com atenção, até os nomes das cores podem carregar significado.

Na identidade visual que criamos para a Le Petit Chéri, por exemplo, as cores ganharam nomes que conversam com o universo da marca. Nada de “cinza claro” ou “laranja médio”, usamos “farinha orgânica”, “crosta crocante” e “casca dourada” para traduzir o sabor e o cuidado que existem em cada pão artesanal da marca. Já o “verde Chéri” é delicado e suave, quase como o tempo que a fermentação lenta pede. Essa paleta funciona em harmonia com os outros elementos da identidade da Le Petit Chéri: marca, ilustrações, ícones, estampas, imagens. Tudo se abraça e conta a mesma história.

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Nos cartazes da Le Petit Chéri, as cores aparecem em diferentes medidas, mas sempre com o jeitinho artesanal da marca. Veja o projeto completo.

5 – Como manter a coerência das cores

Depois de escolher com carinho as cores da identidade visual, vem um passo essencial: garantir que elas estejam sempre do jeito certo, em qualquer lugar onde forem usadas. Isso vale tanto para o mundo digital quanto para o mundo físico. Afinal, ninguém quer ver uma cor linda no site e completamente diferente no material impresso. A identidade visual funciona como uma receita especial. Para que o resultado seja sempre o mesmo, padronizado, coerente e reconhecível, é preciso usar os mesmos ingredientes, nas mesmas medidas. Nesse caso, os ingredientes são os códigos técnicos das cores: RGB para telas, CMYK para impressos, HEX para ambientes digitais e, quando possível, Pantone®, que traz uma fidelidade ainda maior e tons especiais como metálicos ou neon. Esses códigos garantem que qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, possa “preparar a receita” do jeito certo. Um tom escolhido no Brasil, por exemplo, pode ser impresso com exatidão na Ásia, basta usar o mesmo Pantone® como referência.

No projeto da Colarinho da Serra, por exemplo, cada sabor de cerveja ganhou uma cor própria, pensada para harmonizar com a leveza e o frescor da Serra dos Órgãos. Manter essa paleta sempre consistente, da garrafa ao cardápio do bar, ajuda a transmitir a sensação de liberdade e descontração que a Colarinho da Serra propõe. Por isso, é importante manter todos esses códigos organizados e fáceis de acessar. Cuidar dessa parte técnica é garantir que a qualidade da sua marca chegue preservada, seja na tela de um celular ou na embalagem que vai para as mãos das pessoas.

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Cada cor traduz um sabor de cerveja, sem perder a união visual que amarra tudo na identidade da Colarinho da Serra. Veja o projeto completo.

Conclusão: e agora, quem poderá te defender?

Diante desse mundo de possibilidades, quem pode ajudar a escolher as cores da sua marca? O Chapolin Colorado? Talvez, já que ele tem cor até no nome, “colorado” significa vermelho, sabia? Mas a boa notícia é que você não precisa contar com a sorte (ou com super-heróis). Brincadeiras à parte, existe uma profissão inteirinha dedicada a estudar as cores e suas combinações. É o design, nossa paixão e nosso ofício. Pessoas designers ajudam empresas a encontrar a paleta certa no meio de tantas opções. Por aqui, seguimos encantados com esse universo e prontos para ajudar sua empresa a criar uma identidade visual que apaixona, cor por cor.

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E por aí? Como foi (ou tem sido) escolher as cores da sua empresa? Ter tantas possibilidades deixou tudo meio confuso, ou você sempre teve certeza das cores que queria? Conta pra gente nos comentários, vamos adorar saber das histórias coloridas que acompanham a sua marca. Sente que precisa de ajuda? Vamos criar juntos, peça uma proposta!

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Melina e Raphael

Designers, sócios em Carinhas, estúdio especializado em Branding e Design. Criamos estratégias de marca, Naming e Identidades Visuais, projetos que chamamos carinhosamente de Marcas Apaixonantes.

Autoria: Melina e Raphael
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