Usar o próprio nome na empresa ou criar outro?

Usar o próprio nome na empresa ou criar outro?

“Devo usar meu nome, que meus amigos e familiares já conhecem, ou é melhor criar um nome novo para a empresa?” Essa dúvida aparece com frequência quando alguém está dando os primeiros passos com um negócio próprio. E faz todo sentido. Usar o próprio nome é o caminho mais direto, já é conhecido pelas pessoas próximas e parece mais fácil de começar. Por outro lado, criar um nome novo pode abrir possibilidades mais amplas, mas também exige mais esforço. E aí, o que é melhor para o seu caso?

Usar o próprio nome na empresa ou criar outro? Usar o próprio nome na empresa ou criar outro?

“Conheces o nome que te deram, não conheces o nome que tens.”

José Saramago

A verdade é que não existe uma resposta certa pra todo mundo. O nome da empresa fala muito sobre ela antes mesmo de qualquer imagem, por isso precisa conversar com a estratégia do marca, com os seus planos e com o tipo de relação que você quer construir com o público. Ah, e um detalhe importante: alguns segmentos, como o direito, exigem por lei que o nome ou sobrenome de pelo menos um sócio esteja no nome da empresa. Mesmo assim, é possível complementar com uma palavra que ajude a comunicar melhor seus serviços. Já em áreas como fotografia e arquitetura, é muito comum usar o nome próprio, mas, nesse caso, não há nenhuma obrigação legal.

Vamos passar por alguns pontos que podem ajudar na sua escolha. Cada caminho tem vantagens e desvantagens. Nosso objetivo aqui é apoiar você para tomar uma decisão que faça sentido para o seu negócio, com clareza e calma.

1 – Postura e porte profissional

Usar o próprio nome coloca você, ou o grupo fundador, no centro da empresa. É uma escolha que comunica proximidade, confiança e autoria. O foco está em quem presta o serviço, então esse tipo de nome carrega autoridade pessoal e costuma ser bastante usado em áreas como arquitetura, fotografia e saúde, por exemplo. Funciona especialmente bem quando faz sentido que a relação com o público aconteça diretamente com quem criou o negócio. Por outro lado, o nome próprio pode acabar sendo associado a um negócio menor ou a um trabalho autônomo, especialmente se a empresa ainda estiver começando. Isso não é um problema em si, mas vale considerar se esse tipo de percepção está alinhado com os seus planos para o futuro.

Criar um nome exclusivo para sua empresa ajuda a comunicar porte e visão. Mesmo que agora você esteja tocando tudo por conta própria, ou com um time pequeno, um nome criado com estratégia pode transmitir a ideia de uma estrutura maior, de um projeto que vai crescer. E às vezes é isso mesmo que a gente precisa: um nome que diga “é pequeno, mas é sério”, “somos poucos, mas estamos construindo algo maior”. Se você está vivendo essa dúvida agora, respira fundo. Esse tipo de escolha não precisa ser feita no susto, com carinho e estratégia, o nome certo aparece.

Foi o que aconteceu com a empresa que antes se chamava W Burger, batizada com a inicial do sócio Wellington. Com o tempo, ele sentiu que precisava de um nome mais profissional, algo que refletisse o sabor defumado dos hambúrgueres feitos na brasa e o passo ousado de lançar um food truck. Assim, criamos o nome Bendita Chama, uma marca com mais presença, personalidade e espaço para crescer. A mudança fez com que a empresa deixasse de parecer um negócio de uma pessoa só e ganhasse força como marca.

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Do nome próprio à marca com sabor e presença: a Bendita Chama nasceu para levar hambúrgueres na brasa e muita personalidade por onde passa. Veja o projeto completo.

2 – Significado do nome

O nome que você carrega foi um presente, escolhido com afeto por alguém lá no começo da sua história. Mas quem nomeou você não podia prever que um dia existiria também a sua empresa, com seus próprios sonhos, foco e personalidade. Por isso, quando usamos nosso nome próprio como nome da empresa, a gente traz junto esse significado mais pessoal e íntimo, que pode ser bonito, mas também pode gerar um certo desafio de comunicação.

Nesse caso, é comum depender de outros elementos para contextualizar o que a empresa faz e o que ela representa. Taglines, narrativas e escolhas visuais se tornam fundamentais para transmitir o valor e a proposta do negócio. E, claro, com o tempo e uma boa atuação no mercado, esse nome vai ganhando corpo, carregando a reputação construída. Por outro lado, ao criar um nome do zero, você tem a chance de moldá-lo com atenção desde o início, já pensando na essência, nos diferenciais e nos sentimentos que quer transmitir. Isso pode ajudar muito a destacar sua empresa e facilitar a conexão com o público.

Foi assim com a Almadoré, uma marca de chocolate artesanal bean to bar que criamos do começo. O nome une duas ideias: “alma” e “oré”, palavra indígena que significa “nós”, simbolizando o fazer coletivo, o respeito pela terra e o orgulho de ser brasileiro. Em vez de usar o nome da fundadora, que começou tudo sozinha, a escolha foi criar algo maior, que acolhesse futuras parcerias, contasse uma história cheia de propósito e já comunicasse o sabor de origem e o amor pelo chocolate. O resultado foi reconhecido nacionalmente: o nome da marca Almadoré foi selecionado para a 14ª Bienal Brasileira de Design. Uma prova de que um nome com alma pode abrir caminhos incríveis.

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Almadoré é o chocolate com alma que nasce do Brasil e se torna marca premiada. Foto: Carol Lá Lach. Veja o projeto completo.

3 – Singularidade e lembrança

Usar seu próprio nome pode parecer natural, e muitas marcas fazem isso, mas vale refletir com cuidado: será que ele se destaca? Na vida, estamos rodeados de nomes de pessoas o tempo todo. E no mundo dos negócios não é diferente. Por isso, nomes próprios costumam ter mais dificuldade de fixar na memória. Além disso, é comum que nomes pessoais gerem dúvidas na hora de escrever, “é com I ou com E?“, “tem H?”, o que pode atrapalhar a lembrança e até dificultar buscas online. Muita gente acaba tendo que soletrar o próprio nome o tempo todo, o que revela o quanto essa confusão é frequente. E se o seu nome for comum ou tiver homônimos (outras pessoas com o mesmo nome e sobrenome), o risco de confusão aumenta. Já um nome criado pode trazer muito mais força nesse ponto. Dá pra escolher uma sonoridade marcante, brincar com o número de sílabas, evitar letras difíceis ou até inventar uma palavra. O importante é criar um nome que fique na cabeça, cause sensação e seja fácil de lembrar. Isso ajuda não só a fixar sua empresa na memória, mas também a transmitir uma identidade única logo de cara.

Agora, se o seu nome pessoal já é conhecido, talvez porque você tem um perfil forte nas redes ou uma trajetória admirada, ele pode aparecer de outro jeito: como uma assinatura, na tagline. Assim, o nome da marca ganha espaço para carregar mais conceito, imaginação e propósito, enquanto o seu nome continua ali, trazendo história, confiança e proximidade.

Um ótimo exemplo disso é a marca Herdei o Look. A empresa nasceu como um brechó de roupinhas de luxo, com curadoria impecável para pequenos que crescem rápido demais. Na época, a empreendedora era conhecida pelas vendas no Instagram e seu nome já tinha uma força própria entre as clientes. Por isso, mesmo com a criação de um nome fictício, mais marcante, lúdico e alinhado à proposta da marca Herdei o Look, ela também optou por assinar uma das versões do logotipo com a tagline by Mirele Grey. Assim, manteve a proximidade com o público que já a conhecia, ao mesmo tempo em que deu um passo importante rumo a uma identidade mais profissional, capaz de crescer com o negócio e se tornar inesquecível.

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A marca Herdei o Look combina luxo, afeto e sustentabilidade com uma identidade cheia de fantasia e uma assinatura que mantém a conexão com quem já acompanhava a Mirele desde o comecinho. Veja o projeto completo.

4 – Calor humano e proximidade

Usar seu próprio nome na marca é como abrir a porta da sua empresa e dizer: “sou eu que estou aqui”. As pessoas logo entendem quem está por trás de tudo, e isso cria uma conexão quase imediata. Dá confiança, segurança, um sentimento gostoso de estar falando com gente de verdade. É como olhar nos olhos de quem faz. E isso é muito valioso. Por outro lado, seu nome pessoal também passa a carregar as alegrias e os desafios da empresa, o que pode ser lindo, mas também exige cuidado, especialmente em momentos delicados. Já um nome criado pode acabar soando mais impessoal, principalmente se a comunicação não deixar claro quem são as pessoas por trás daquele projeto. Quando a gente lê frases genéricas como “somos uma equipe capacitada”, sem ver rostos ou nomes, fica mais difícil sentir proximidade. Mas isso não é uma regra: mesmo com um nome fictício, é totalmente possível manter a comunicação afetuosa, transparente e cheia de humanidade. Basta abrir espaço para quem você é, com sinceridade e presença, seja no site, nas redes ou no atendimento.

Um ótimo exemplo de como equilibrar um nome próprio com uma marca próxima, humana e ao mesmo tempo profissional é o caso do Amuri. O nome da empresa é o sobrenome do sócio, Eduardo Amuri, e carrega toda a leveza e sinceridade com que ele fala sobre dinheiro, um tema que, muitas vezes, vem carregado de medo ou tensão. A identidade visual, orgânica e acolhedora, ajuda a reforçar essa presença afetiva. E mesmo sendo um nome curto e simples, não deixa dúvidas: é uma pessoa de verdade ali, disposta a caminhar junto. Nesse caso, o sobrenome Amuri virou assinatura de confiança, sem deixar de ser marca.

+ Leia também – Estratégia de marca: o que é e por que sua empresa precisa de uma

Sobrenome do fundador, a marca Amuri mostra que é possível transformar um tema sensível em conversa pé no chão e com afeto. Veja o projeto completo.

5 – Hora de registrar o nome

Seja um nome fictício ou o seu próprio nome, é importante lembrar: ele só será seu de verdade depois de registrado no INPI, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Muita gente acredita que, por ser o nome da pessoa, o registro não é necessário, mas não é bem assim. O seu nome pode e deve ser registrado como marca para garantir proteção legal e evitar dores de cabeça no futuro.

Com os nomes criados, a atenção precisa ser ainda maior: nem todo nome pode ser registrado. Às vezes o nome já é de outra empresa, às vezes ele é considerado “fraco” por ser genérico ou descritivo demais. E a gente sabe: depois de tanto carinho dedicado na criação do nome e da identidade visual, ninguém quer descobrir que não vai poder usá-lo legalmente. Por isso, a dica de ouro é procurar um advogado especializado. É ele quem vai te ajudar a verificar se o nome está disponível e a seguir com o registro de forma segura. Aliás, nesse post no Instagram, o advogado Moysés Remma explica direitinho como isso funciona para nomes próprios também.

+ Leia também – Naming: conceitos-chave antes de nomear sua marca

6 – Identidade visual

Seja com um nome próprio ou com um nome fictício, a identidade visual pode valorizar e amplificar tudo o que a sua marca quer comunicar. Cores, formas, símbolos e a própria tipografia ajudam a contar essa história e criar uma presença que acolhe, encanta e permanece na memória. O importante é que o projeto visual respeite as escolhas feitas no nome e traduza, com sensibilidade, o que torna a sua empresa única.

A Zaetê nasceu com um nome criado especialmente para a marca. Derivado de uma palavra árabe que significa “extrato”, o nome remete à pureza e eficácia dos produtos. E foi a partir dele que toda a identidade visual ganhou forma: uma caligrafia autoral, cheia de personalidade, acolhe cada letra como se fosse um gesto de cuidado. Os traços têm movimento e presença, e a paleta combina tons naturais com cores inspiradas em ingredientes aromáticos. O nome Zaetê e a identidade caminham juntos para oferecer, desde o primeiro olhar, uma sensação de bem-estar e aconchego.

+ Leia também – Criar o nome da sua marca é como batizar um bebê (ou um pet)?

Zaetê é um oásis perfumado que começa pelo nome: criado especialmente para a marca, ele inspira cuidado e bem-estar desde o primeiro olhar. Veja o projeto completo.

Conclusão: Usar o nome próprio ou criar um nome?

E agora, qual caminho seguir? A verdade é que, seja usando o seu nome ou criando um do zero, o nome da sua empresa não precisa, e nem deve, carregar tudo sozinho. É com o tempo, o posicionamento bem definido, a identidade visual e outras escolhas de comunicação que esse nome vai ganhando força e criando laços com as pessoas.

Antes de decidir, vale olhar com carinho para a estratégia da sua marca e pensar no que realmente faz sentido para o momento atual da sua empresa e também para o futuro. Depois que tudo estiver alinhado, o nome vai trabalhar por você, e com você, pra representar o que sua marca tem de mais especial. Se essa escolha ainda está difícil, saiba que você não precisa fazer tudo por conta própria. Pessoas como nós, que trabalham com Naming e Identidade Visual com muito cuidado e escuta, podem te ajudar a encontrar um nome apaixonante, que combine com o coração da sua marca.

+ Leia também – Reuniões ao vivo: e se não fosse preciso?

E por aí, como foi essa escolha? Você decidiu usar seu próprio nome ou criou um nome exclusivo para sua empresa? Conta pra gente nos comentários, vamos adorar saber! Sua empresa precisa de um Nome Apaixonante? Vamos criar juntos, peça uma proposta!

2400 1350 Melina e Raphael
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10 Comentários
  • Vocês são incríveis!
    Era justamente essa dúvida que estava me consumindo.
    Obrigada

  • Olá tudo bem?
    Me tira uma duvida, fiz o mei recente e no nome fantasia coloquei meu nome: Claudia Pezzoti como destaque, e em letras minúscula no logo cosméticos & Variedades

    Eu preciso descrever tudo isso na certidão mei?

    Ótimo conteúdo, aprendendo muito!

    • Olá Cláudia, tudo bem? Que legal, agradecemos pelo seu comentário! Então, o registro oficial do nome para uso comercial no território brasileiro é feito no INPI, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial. Nesse caso, pela nossa experiência, você pode escrever tudo isso no seu nome sim, pois a sua tagline “cosméticos & variedades” é bem descritiva. Sugerimos que confirme essa informação com um advogado especializado em registro de marca no INPI. Já sobre o registro no MEI, sugerimos que você veja certinho o nome que deve utilizar com um contador, são dois registros diferentes! Ficamos felizes em saber que você está curtindo o conteúdo! Abraços do casal! ;)

  • Gostaria de criar um nome pra minha marcas produtos pra salão profissional

    • Oi Diná! Que legal saber que você precisa de um nome, podemos te ajudar! Preencha com mais algumas informações sobre a sua empresa em carinhas.com.br/proposta e nos falamos melhor! ;)

    • Cicera Maria Gomes de Castro

      Oi eu que fazer uma marca de aromatizador de ambiente mais não consigo o nome para mim pode me ajudar

      • Oi Cicera, tudo bem? Que legal saber que você está começando a sua marca! Com certeza, podemos te ajudar com o nome. Saiba mais sobre nossos projetos de Naming e peça um orçamento aqui: carinhas.com.br/naming ;)

  • Preciso de sugestões de nomes para temperos caseiros. Não quero colocar nada com meu nome.

    • Oi Janeth, agradecemos pelo seu comentário! Se você já decidiu que não quer usar seu nome, o próximo passo é fazer um projeto de Naming para sua empresa de temperos! Nós somos especialistas nesse assunto e criamos nomes não só criativos como também registráveis no INPI! Assim, você tem segurança para usar o nome em todo território brasileiro. Para receber nossa proposta completa com valores e detalhes, preencha aqui e mandaremos a resposta mais adequada para o seu perfil: carinhas.com.br/proposta/ Abraços do casal! ;)

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Melina e Raphael

Designers, sócios em Carinhas, estúdio especializado em Branding e Design. Criamos estratégias de marca, Naming e Identidades Visuais, projetos que chamamos carinhosamente de Marcas Apaixonantes.

Autoria: Melina e Raphael
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