“Preciso de uma marca, estou imaginando como será o símbolo.” Talvez você já tenha dito ou pensado algo parecido. É muito comum associar marca a um símbolo logo de cara. E, na hora de imaginar como será a identidade visual da sua empresa, é natural prestar atenção nas fachadas por onde você passa, nas roupas que usa, nos objetos que tem em casa em busca de ícones que despertem inspiração. Mas será que toda marca precisa mesmo ter um símbolo?
“Símbolos são recipientes de significado. Eles se tornam mais poderosos com o uso frequente e quando as pessoas entendem o que eles representam. O significado raramente é imediato e evolui com o tempo.”
Alina Wheeler
Empresas muito famosas utilizam símbolos marcantes, como a maçã da Apple ou a sereia da Starbucks. Mas isso não significa que toda marca precise ter um. Basta lembrar da Coca-Cola ou da Avon, por exemplo, que são reconhecidas no mundo todo sem usar um símbolo em suas marcas. Então, como saber o que faz sentido para a sua empresa? É sobre isso que a gente vai conversar neste artigo.
1 – Elementos de uma marca
Antes de tudo, vale saber que uma marca costuma ter três componentes principais: o logotipo, o símbolo e a tagline. O logotipo é o nome da sua empresa com um desenho único, pensado especialmente para ela. O símbolo, quando existe, é um sinal gráfico que pode acompanhar esse nome, ou aparecer sozinho, dependendo da situação. E a tagline é aquela frase curtinha que pode contar o que você faz ou reforçar o diferencial do seu negócio. Esses elementos não precisam estar sempre juntos. O que importa é que funcionem em harmonia e representem com verdade quem a sua empresa é.
Um bom exemplo disso é o Botané, um deli e café com uma proposta afetiva e cheia de sabor. Quando começamos a desenhar a identidade visual, percebemos que os pratos criados pela chef Josie seguiam uma mesma filosofia: frescor, simplicidade e ingredientes como protagonistas. A marca da Botané nasceu dessa essência. O símbolo escolhido é uma raiz em forma de coração, o que está debaixo da terra, nutrindo a vida, para depois se transformar em alimento para o corpo e para a alma. Ele carrega, de forma sensível, a história de quem cria, de quem cuida e de quem serve.
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A Botané tem símbolo, logotipo e taglines, tudo em harmonia, do jeitinho que a marca precisava. Veja o projeto completo.
2 – Ter um símbolo: liberdade ou limitação?
O símbolo é um sinal gráfico pensado para representar visualmente uma empresa. Ele ajuda a criar reconhecimento rápido e pode, em alguns contextos, até substituir a marca completa. Mas a decisão de incluir ou não um símbolo na identidade visual do seu negócio depende da estratégia de marca e da história que sua empresa quer contar. Nos projetos de Marca Apaixonante, sempre refletimos com cuidado sobre essa escolha. Nossa pergunta favorita nesse momento costuma ser: incluir um símbolo vai ampliar as possibilidades da marca ou pode acabar limitando a expressão dela?
A Opulim, por exemplo, é uma empresa que cria festas infantis com temas que vão do fundo do mar aos planetas do espaço. Quando nos chamou para desenvolver seu nome e identidade visual, percebemos que um único símbolo talvez não desse conta da diversidade e riqueza do universo visual da marca. Em vez de buscar um ícone fixo, escolhemos desenvolver um sistema visual mais aberto, cheio de elementos que podem variar. Essa decisão trouxe mais liberdade criativa e fez a identidade visual da Opulim ganhar vida em muitas formas, sem perder a unidade.
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Para a Opulim, criamos um sistema visual que se adapta aos temas das festinhas, mesmo sem um símbolo fixo. Veja o projeto completo.
Já no caso da Lúcida Letra, a escolha foi justamente a oposta. A empresa é uma editora especializada em livros sobre Budismo, um universo com uma linguagem visual muito própria e cheia de significado. O desafio, então, foi encontrar um símbolo que representasse esse mundo sem cair em clichês e, ao mesmo tempo, fosse único para a editora. Começamos pela ideia de “letra”, que já está no nome. E foi aí que surgiu o asterisco. Ele virou nosso ponto de partida: um caractere cheio de possibilidades. A forma do asterisco foi adaptada para um livro aberto sobre a mesa, irradiando luz, uma metáfora visual que conversa com os desejos dos leitores da editora: iluminação, sabedoria e clareza. Esse símbolo passou a representar a Lúcida Letra criando conexões imediatas com quem compartilha essa busca. Foi esse caminho que, com orgulho, também levou a marca até os finalistas na categoria Rebranding da nona edição do LADAWARDS, um importante prêmio de design.
O símbolo da Lúcida Letra trouxe leveza e liberdade, permitindo novas formas de se comunicar com os leitores e esse projeto foi selecionado como finalista do LADWARDS. Veja o projeto completo.
3 – Também é sobre equilíbrio
Outro ponto que ajuda a entender se faz sentido ter um símbolo na marca é o equilíbrio visual. Às vezes, o próprio logotipo já tem tanta presença e personalidade que adicionar outro elemento gráfico poderia mais confundir do que somar. Isso acontece quando as letras têm detalhes marcantes, pesos diferentes ou um estilo que chama bastante atenção. Nesse caso, o símbolo corre o risco de competir com o nome da empresa, e não é isso que a gente quer. Mas o contrário também pode acontecer. Quando o logotipo tem um visual mais simples, mais leve, o símbolo entra como um complemento que enriquece a identidade. O que importa é o conjunto funcionar bem, com harmonia e clareza, para que as pessoas consigam reconhecer a marca com facilidade e conexão.
Foi o que percebemos ao criar a identidade da Piece of Paper, uma papelaria fina que faz cadernos impecáveis. O logotipo ganhou letras cheias de personalidade, desenhadas com cuidado. E a palavra “of” foi caligrafada à mão por nós, trazendo um toque ainda mais delicado. Junto das duas taglines, o visual já estava completo. Incluir um símbolo ali poderia tirar a leveza e o equilíbrio da composição. Por isso, a Marca Apaixonante da Piece of Paper ficou sem símbolo e fez todo sentido assim.
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A Piece of Paper é uma marca sem símbolo, mas com um logotipo cheio de presença e taglines que completam a voz da empresa. Veja o projeto completo.
Outro exemplo é o da Marca Apaixonante do deli e café Botané. Desde o início, sabíamos que o logotipo teria um papel importante na identidade, então escolhemos uma tipografia cheia de charme, que traduzisse bem a proposta do espaço: acolhedor, gostoso e com personalidade. O nome da marca já se apresentava com bastante clareza e elegância. Mas, nesse caso, sentimos que um símbolo poderia trazer uma camada a mais de significado. Algo que representasse o cuidado com os ingredientes, o vínculo da chef Josie com a terra e as raízes, e também os sentimentos por trás de cada prato servido. Assim, ele complementa o logotipo, sem competir com ele, trazendo mais profundidade para o conjunto visual.
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O símbolo ajudou a equilibrar o visual da Botané e a marca ainda foi reconhecida no Brasil Design Award. Veja o projeto completo.
4 – O símbolo como parte de um conjunto
Quando a gente fala em símbolo, muita gente pensa na marca. Mas é importante lembrar que a marca não precisa dar conta sozinha de representar tudo o que a sua empresa é. A identidade visual vai muito além de um logotipo, seja ele com ou sem símbolo. O que realmente faz a diferença é ter um repertório visual completo, feito de elementos que se conectam e contam uma história juntos. Cores, tipografias, estampas, grafismos, ilustrações, entre outros, são os elementos que ajudam a criar uma comunicação mais viva, interessante e com a cara da sua empresa. Quando o conjunto está bem pensado, ele transmite personalidade, valores e propósito com muito mais força do que um símbolo isolado poderia fazer.
No projeto da Marca Apaixonante da Mapa, empresa peruana especializada em intercâmbio, começamos desenhando um mapa simplificado, com os contornos dos países que a empresa atende. A partir disso, cada letra do logotipo foi criada como se fosse um desses territórios, uma forma poética de representar os destinos que a Mapa oferece. Esses lugares também ganharam ilustrações próprias, criando uma identidade cheia de referências, significados e beleza. Foi o conjunto, e não apenas o símbolo, que trouxe alma à comunicação. Por isso, em vez de buscar um “ícone perfeito”, vale mais olhar para o todo e entender o que faz sentido para sua empresa de verdade.
A Mapa tem um repertório visual completo para se comunicar com o mundo, mesmo sem um símbolo na marca. Veja o projeto completo.
5 – Dois passos para trás: o que vem antes do símbolo
Antes de qualquer decisão visual, é importante dar dois passos para trás e olhar com mais atenção para a base de tudo: a estratégia da sua marca. A gente entende que o símbolo pode parecer um elemento visual empolgante, talvez até a parte mais divertida do processo. Mas ele só faz sentido de verdade quando nasce de algo mais profundo. É preciso entender com clareza o que torna a sua empresa especial, quais são seus diferenciais, o que ela oferece de mais valioso, quem você quer conquistar com sua mensagem e como quer se posicionar no mundo. Até os concorrentes entram nessa equação, afinal, conhecer bem o cenário em que sua empresa está inserida ajuda a evitar repetições e a garantir que o visual da sua marca seja único e memorável. Então, antes de investir energia em imaginar se vai ter ou não um símbolo, a nossa sugestão é: respira fundo e começa pela estratégia. Com ela bem definida, as escolhas visuais, inclusive a do símbolo, se tornam mais leves, conscientes e conectadas com o que a sua empresa realmente é.
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Conclusão: sua marca precisa de um símbolo?
O símbolo é, sem dúvida, um dos elementos mais reconhecíveis de uma marca. Mas nem por isso ele precisa estar presente em todos os projetos. Às vezes, ele oferece liberdade para criar, outras vezes pode limitar a expressão da marca. Por isso, a decisão sobre ter ou não um símbolo deve ser feita com cuidado, olhando para o conjunto todo. Buscar equilíbrio entre os elementos visuais ajuda muito nesse processo. E lembrar que o símbolo também é apenas uma parte da identidade visual, e não o todo. As cores, as tipografias, as texturas e outros elementos gráficos ajudam a contar a história da sua empresa e tornam a comunicação mais rica e interessante. Acima de tudo, é fundamental ter uma estratégia clara antes de tomar decisões visuais. Quando a essência da marca está bem definida, tudo o que vem depois, inclusive a criação de um símbolo, ganha propósito e coerência.
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Você está nesse momento de pensar no visual da sua empresa? O que acha sobre a presença de um símbolo? Se quiser conversar sobre isso, estamos por aqui, de coração aberto. Peça uma proposta aqui!











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